Na verdade, nota-se aqui um caso de intimidade estreita entre Campos e Pessoa, como se à mesma tribo do sentir e do recordar pertencessem.Contrariamente aos heterónimos Caeiro e Reis, que se organizam muitomais de acordo com uma atitude vital de cariz homogéneo, a evolução de Campos segue um caminho não só marcado por flutuações tonais - aomodo dos outros heterónimos - mas, mais significativamente, pordissociações internas, desdobramentos congeminadores e, acima de tudo, pela experiência desfamiliarizante da sua consciência fragilizada,desestruturada mesmo, perante o Outro. Quer dizer: a sua angústia tema história e a opacidade dos seres vivos. Triste privilégio de umasombra de papel a despertar não no real mas afinal na mágoaincontornável da vida.