Este é um livro verdadeiramente latino, que se lê de uma assentada não por ser pequeno, porém grande e por nos possibilitar o prazer que nos dá a sensação de partilhar legitimamente, e sem medos, a intimidadedos nossos segredos moralizados, levando à sua libertação. E despe-nos de capas sem clemência, conduzindo a testosterona de que se revestemos seus termos a um patamar de genialidade. João Louro não nos iludecom falsos lirismos, antes aponta-nos a poesia da absurdez das vidasenclausuradas na dimensão do físico assombrando como qualquer coisaalheia à classe humana e espectro de fantasma temido. Atira-nos para o confronto com morais castrantes e espelha-nos no ridículo dasconvicções estanques sustentadas pela não vivência de sonhos ou nãoassunção de fantasias enubladas pela vergonha.Paulo Cardoso