«A história de Tristão e Isolda - os estranhos imortais do amor queconstroem a sua tragédia sob as fatalidades de um sentimento impostopor artes da magia céltica, a paixão contra a qual os costumes e asleis são impotentes - mostrava-se como alternativa às sublimeslentidões de Wagner, e veloz, e empolgante, e obediente a todo o saber que faz a eficiência dos contos repetidos pela tradição oral. A lenda de Tristão e Isolda chegava ao êxito editorial e era confirmada noamor-símbolo, na sua intensidade inultrapassável, a que El-Rei DomDinis ousou ainda assim em versos desafiar: "o mui namorado Tristansey ben que non amou Iseu quantÆeu vos amo." [à] Joseph Bédier[1864-1938] tinha sabido seduzir o grande público com uma história deingenuidade selvagem, com uma prosa que evocava ao leitor francês atradição de contar que ele conhecia em Perrault. E em 1938, quando uma inesperada e fulminante congestão cerebral o atingiu no seu retiro de Grand-Serre, no Drôme, soube-se pelos jornais que tinha morridoàaquele autorà que escrevia coisas importantes sobre a Idade Média, sem dúvida, mas era o renovador do romance de Tristão e Isolda que jáfestejava a sua centésima edição.» [Aníbal Fernandes]