Lição: não se trata tão-só de ocupar a Engrenagem. Incumbe-nosdevorá-La. A missão da universidade deve estabelecer o seu próprioimperativo moral: desenvolver a inteligência ao serviço da integraçãoe amadurecimento de todas as dimensões do ser humano. Para tal, oespaço imaterial da universidade deve, primeiro, abrir-se àcompreensão da história da génese, evolução e transformação das ideias fundamentais e das instituições em que tais ideias se articulam noseio da comunidade no seu todo, em segundo lugar, deve aproveitar acapacidade contagiosa das ideias, que, só assim, existe apossibilidade das ideias e instituições se renovarem com a chegada denovas gerações de estudantes, investigadores, especialistas ecriadores, por último, se bem que a seguinte afirmação possa chocar, a universidade, como espaço material da abundância imaterial, devesaber abolir-se. Não no sentido do seu desmantelamento físico, bementendido, mas, sim, no sentido de criar uma cultura a todos os níveis nociva para a dogmatização das ideias - escolho sempre presente nacomunidade humana, bem como nas instituições -, enjeitar o discursotriunfalista das instituições que favorece os cínicos e logra quemmais precisa de poder confiar na beleza da busca e na beleza maior dacompreensão (a confiança que nasce da partilha intelectual e daexemplificação por parte do professorado de uma atitude pedagógicaafim à sua missão de renovar um ecossistema mental produtor de ideias, práticas e novos horizontes de questionamento). A abolição significa, neste caso, aquilo que este autor designa como um processo de amorosa destruição.