BRUGES-A-MORTA

BRUGES-A-MORTA

$23.509
IVA incluido
Sujeto Disponibilidad de Proveedor
Editorial:
(523).SISTEMA SOLAR
Año de edición:
ISBN:
978-989-8566-30-0
Páginas:
128
Encuadernación:
Otros
Idioma:
PORTUGUES
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«Um dia, em 1475, o Mar do Norte bruscamente retirou-se, o Zwyn derepente secou, sem que fosse alguma vez possível desassoreá-lo ouvoltar a restabelecer uma circulação de água, e Bruges, de ali emdiante afastada dessa vasta mama do mar que lhe tinha alimentado osfilhos, começou a ficar anémica, e desde há quatro séculos agoniza.Como a cidade é comovente nesta tísica com séculos que a faz escarrar, atingida por um golpe mortal, uma a uma as suas pedras ¿ como pulmões ¿ e sobretudo comovente numa manhã de Novembro outonal, como esta,sob um céu de palidez parecida com a suaà» Sob o tecto destanostalgia, já Georges Rodenbach (Bruges, 1855-1898) estava prestes achegar à história que desde 1892 ficou para momento maior na sualiteratura e o fez célebre quando apareceu, como folhetim, em númerossucessivos de Le Figaro, sem adivinhar que dezassete anos depois (nove anos depois da sua morte), este mau destino de Bruges seria remediado com um novo canal que a deixaria ligada ao porto de Zeebruge. E se acidade deixou de ser porto importante, apesar da sua nova ligação aomar, fez-se animado centro turístico. A sua beleza triste, com velhosedifícios a mirarem-se na água e árvores inclinadas sobre os canais,agita--se com multidões que frequentam as esplanadas da Grand’Place eali, mesmo ao lado, aguardam a sua vez para entrar em barcos quepercorrem motorizadamente um cenário onde melhor ficariam remadores,irmãos dos que persistem em Veneza. (Note-se que a realidade da novaBruges existe desde 1990 noutro livro com um título oposto, é deDominique Rolin, explora esta diferença sobrepondo-a à imagemliterária que nos resta de Rodenbach, e para tornar claro o impulsoque o domina deu-lhe o título provocatório de Bruges-a-Viva.) Mas «aMorta» é, na Bruges de Rodenbach, uma tristeza de pedra e água queainda agora persiste, e a memória de uma mulher amada. Nos canais dasua história passa uma inextinguível Ofélia e os seus sinos dobram,transformando em som a preservada imagem de um corpo que teima em nãodesaparecer. [Aníbal Fernandes]

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