O grande esforço de Cézanne foi empurrar para longe a maçã e deixá-laviver a sua própria vida Quando [Cézanne] dizia aos seus modelos:«Sejam uma maçã! Sejam uma maçã!», exprimia o que é prólogo da queda,não só a dos idealistas, tanto os jesuítas como os cristãos, mas a docolapso de toda a nossa forma de consciência substituindo-a por outra. Se o ser humano fosse essencialmente uma Maçã, como era para Cézanne, caminharíamos em direcção a um novo mundo de homens: um mundo commuito pouco para dizer, com homens que conseguiriam, apenas com o seulado físico e uma verdadeira ausência de moral, manter-se tranquilos.Era o que Cézanne queria deles: «Sejam uma maçã!» A partir do momentoem que o modelo começasse a impor a sua personalidade e a sua «mente»passasse a ser um lugar-comum, uma moral, ele sabia muito bem que iria ver-se obrigado a pintar um lugar-comum. A única parte dapersonalidade que não era banal, conhecida ad nauseame um vivolugar-comum, era a sua maçãneidade. O corpo e até mesmo o sexo eramconhecidos até à náusea, eram o connu! connu!, a cadeia infindável daconhecida causa-efeito, a teia infinita dos odiosos lugares-comuns que a todos nos aprisionam num incomensurável tédio. [D.H. Lawrence]
O grande esforço de Cézanne foi empurrar para longe a maçã e deixá-laviver a sua própria vida Quando [Cézanne] dizia aos seus modelos:«Sejam uma maçã! Sejam uma maçã!», exprimia o que é prólogo da queda,não só a dos idealistas, tanto os jesuítas como os cristãos, mas a docolapso de toda a nossa forma de consciência substituindo-a por outra. Se o ser humano fosse essencialmente uma Maçã, como era para Cézanne, caminharíamos em direcção a um novo mundo de homens: um mundo commuito pouco para dizer, com homens que conseguiriam, apenas com o seulado físico e uma verdadeira ausência de moral, manter-se tranquilos.Era o que Cézanne queria deles: «Sejam uma maçã!» A partir do momentoem que o modelo começasse a impor a sua personalidade e a sua «mente»passasse a ser um lugar-comum, uma moral, ele sabia muito bem que iria ver-se obrigado a pintar um lugar-comum. A única parte dapersonalidade que não era banal, conhecida ad nauseame um vivolugar-comum, era a sua maçãneidade. O corpo e até mesmo o sexo eramconhecidos até à náusea, eram o connu! connu!, a cadeia infindável daconhecida causa-efeito, a teia infinita dos odiosos lugares-comuns que a todos nos aprisionam num incomensurável tédio. [D.H. Lawrence]